quarta-feira, 26 de março de 2014

Querido Diário | Carta de quem quer ser mãe

Calma, não é para já. Mas, certamente, quererei.
E não podia concordar mais com este texto.


Caro Pedro {Passos Coelho},

Soube da sua preocupação com o baixo índice de natalidade. Compreendo a sua inquietação com um dos mais graves problemas do país e, como membro integrante da nossa juventude, partilho da sua angústia com esta pirâmide que teima em inverter-se cada vez mais. Escutei-o dizer que está disponível para “ouvir uma série de sectores e pessoas”, então aqui estou empenhando toda a minha proactividade que, como todos sabemos, é uma qualidade que muito aprecia e incentiva.

O meu espírito é colaborativo, por isso não entrei por medidas altamente criativas, que pudessem rapidamente ser catalogadas como utópicas e sonhadoras. Limitemo-nos a falar em melhores práticas de outrora:

1 – Devolver-nos o emprego. É que as fraldas são caras. E as papas e a roupa e os medicamentos e a creche. E os brinquedos, que também são precisos.

2 – Devolver-nos os contratos justos. Não que sejamos gente de se acomodar, mas só para termos uma garantia mínima de que de um dia para o outro não deixaremos de estar empregados. E que quando deixarmos de ser úteis, usufruiremos das ajudas que são nossas por direito.

3 – Devolver-nos a taxa e a sobretaxa e a taxa sobre a taxa por sua vez já taxada. É que 100 menos 25, menos 11, menos 7, menos 3,5, menos 2,5, menos o subsídio dá… quase nada.

4 – Devolver-nos a progressão de carreira. Um congelamento físico é doloroso mas este molesta ainda mais.

5 – Devolver-nos a hora diária extra no horário laboral. É que nessa hora conseguimos ligar a máquina de roupa, pôr o jantar ao lume, arrumar os legos espalhados pela casa e ainda dar banho ao traquina antes de o deitar.

6– Devolver-nos a reforma. É que uma mamã com a ajuda de uns avós disponíveis é sempre uma melhor mamã.

7 – Devolver-nos a confiança. Eu sei, é o mais difícil. A maioria das vezes nem um amor assolapado consegue colar cacos outrora partidos. Mas é o mais importante. E uma vez recuperada, motivação reforçada, caminho desimpedido.

Tenho a certeza que o professor Joaquim Azevedo e a sua equipa terão outras óptimas sugestões para que deixemos de estar em “alerta super vermelho”, como o próprio classificou. Mas se nos restituir tudo isto, ou pelo menos a maioria, prometemos ficar por cá e atingir este objectivo comum. Prometemos um rectângulo à beira-mar plantado cheio de petizes interessados, guerreiros, corajosos e felizes.

Com os melhores cumprimentos, Eu. Nós, a juventude do seu país.


de Diana Albuquerque Abrantes, aqui.

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